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domingo, agosto 10, 2008

Raul Lino

Viveu a sua infância em Lisboa e com apenas 10 anos foi estudar para Inglaterra onde permaneceu durante três anos.

A partir de 1893, foi estudar para duas escolas técnicas, em Hannouver, na Alemanha. Aí conheceu o Professor e Arquitecto Albrecht Haupt (que influenciou nítidamente o seu trabalho), com quem estabeleceu uma profunda relação, não só de amizade, mas também profissional. Albrecht Haupt era um conhecedor profundo e interessado pela arquitectura tradicional Portuguesa, o que fez com que Raul Lino, no período de dois anos em que trabalhou no seu atelier, recebesse de si todo o conhecimento e apreço sobre aquilo que viria ocupar toda a sua vida, conferindo-lhe um lastro cultural, que lhe permitiu ver claramente a especificidade da cultura portuguesa e ibérica, separando-a claramente dos aspectos negativos e dinâmicos, que atentamente apontou, e a que todas as sociedades em transição estão sujeitas no seu processo de evolução.

Nesta altura, na Alemanha iniciara-se a abordagem teórica da arquitectura em termos de espaço, que vai propor um modelo culturalista, pouco divulgado e ainda menos entendido, através de uma arquitectura de instauração dos seus próprios valores expressivos, em que a noção de espaço se encontrará sempre presente.

Será lugar comum considerar-se este arquitecto como o defensor do tradicionalismo na arquitectura e consequentemente rotula-lo como conservador, quando o progresso técnico pediria novas soluções formais, mas este procura uma síntese e apuro da arquitectura tradicional portuguesa em concordância com os valores espaciais e compositivos próprios de uma arquitectura dita moderna participando em acesas disputas com Ventura Terra e com a geração modernista sua contemporânea composta por uma imensa maioria de arquitectos formados em escolas francesas, por vezes até em simultâneo. Marques da Silva e Oliveira Ferreira, Ventura Terra … adquiriram uma formação e regressaram ao pais com ideias e influencias inovadoras, mas diferentes no seus sentidos e conceitos quando comparadas com a corrente emergente na Alemanha.
No entanto conforme refere Pedro Vieira de Almeida exige-se a distinção dos termos modernista e moderno sendo que sumariamente poderemos afirmar que o primeiro termo se refere a procura de aplicação de elemento de vanguarda enquanto que o termo moderno remete para uma avaliação num espaço-tempo relativos onde conste um abordagem progressista.
Outras influências houve que se revelaram significativas para a sua formação, uma viagem que fez a Marrocos em 1902, duas idas a Roma e outra a Moçambique em 1955, uma vez que ele dava extrema importância ao que via com "olhos de ver", o que lhe introduziu o gosto pela paisagem.
Os valores tradicionais e nacionais como o amor pela pátria tiveram grande influência e fizeram parte da formação de Raul Lino nos últimos anos do século XIX em geral, e principalmente em Portugal, onde a industrialização começou tarde. Lisboa crescia e muitas das novas zonas foram projectadas a partir dos princípios do design moderno vindo de Paris. Mas esses projectos não interessavam a Raul Lino.

São sobretudo os frutos das suas diversificadas experiências individuais de cada arquitecto, que vinham a reflectir-se no acto de projectar que interessam agora vincar para demonstrar como o facto de ter estudado em países de uma cultura diferente é importante no caso de Raul Lino.

O confronto com uma realidade diferente, com meios de produção, disponibilidade de matéria-prima e sua qualidade e tecnologias de utilização e sobretudo a relação com o meio.

Apanhando com o movimento arts and crafts emergente na época e no local, com o ensino vocacionado para uma nova exploração das capacidades técnicas e plásticas dos materiais artesanais pode aliar-se ao seu gosto por este tipo de arte e a sua aplicação não só à construção como também ao mobiliário, à cerâmica, às artes gráficas, etc...

Assim, quando volta a Portugal, com 18 anos, traz consigo uma força inesgotável de nacionalismo e uma imensa vontade de defender, uma arquitectura tipicamente Portuguesa. Norteado pelas filosofias e linguagens da Arte Nova, do Romantismo Alemão e de um “Domestic Revival”, todo o seu trabalho, procurou enfatizar a “Casa Portuguesa”, através da busca dos valores tradicionais nacionais.

Para se aproximar o mais possível deste objectivo, utilizava nas suas obras materiais por ele criados, como azulejos vidrados, vitrais, telhas, vinhetas e mobiliário como na Casa Rústica em Trás-os-Montes, caracteristicamente português.

Desta maneira, ele proclamou de uma forma (não só) teorizante, os seguintes princípios que se deveriam aplicar, na chamada “Casa Portuguesa”: Emprego do alpendre; utilização do beiral à Portuguesa; utilização de cantaria nos remates dos vãos; emprego de azulejos; uma forte relação luz/sombra; harmonia na disposição dos espaços; inova nos espaços polivalentes, pensa nas
condições do uso e uma importante relação com a natureza.
.
São estas as influências de Raul Lino que o preparam para a viagem do século, nomeadamente para o romantismo, que gerou os movimentos das várias "artes novas" e que preparavam o movimento Moderno.

As suas casas têm muitos aspectos que consideramos modernos, enquanto que Le Corbusier tem uma vertente diferente do modernismo no sentido dos seus cinco princípios, Raul Lino contraria essas orientações, criticando a arquitectura moderna, como uma arquitectura de papel, perdendo a verdadeira dimensão da arquitectura, a espessura das paredes, a polivalência dos espaços, o percurso, a surpresa que podemos verificar na sua arquitectura.

Com a sua ironia nos seus escritos não deixa de criticar (até de uma forma exaustiva) «novo estilo modernista» caracterizando a Arquitectura como uma Arte estática, sem alma, prevalecendo o tecnicismo que só deveria estar nas máquinas, enquanto que ele defendia:

“A arquitectura rege-se sempre por leis do equilíbrio estável amenizador por vezes pela sugestão de um sistema vegetativo.”

“...é justamente o amor, um certo amor que torna a Arte e a Natureza afins entre si. Pode-se amar uma paisagem, uma árvore com o mesmo amor com que se ama uma obra de Arte ou uma antiguidade, pode-se amar as flores do campo ou do jardim, de mistura com as estátuas ou os monumentos; mas não se pode amar uma chave inglesa ou um martelo pilão” Raul Lino

Segundo Raul Lino, na sua obra literária “Casas Portuguesas”:
“...não compliquemos o problema da habitação pelo respeito de certas convenções que em nada nos ajudam a viver; cuidemos antes de facilitar a realização de um sonho que continua a ser muito humano e que, pelo caminho que a vida vai a tomar, cada vez mais se justifica – o sonho de uma moradia própria, independente, ajeitada à nossa feição e adereçada ao nosso gosto; reduto da nossa intimidade, último refúgio do indivíduo contra a investida de todas as aberrações do colectivismo. Que a casa seja reino para uns, simples ninhos para outros, palácio, baluarte, ou choupana – façamo-la verdadeiramente nossa, reflexo da nossa alma, moldura da vida que nos é destinada.”






Através dos livros e textos publicados, Raul Lino, quase de uma forma pedagógica, ensinava como se poderia viver numa casa. Transmitia as directrizes para um correcto modo de habitar em harmonia com a arquitectura e com a natureza.


A sua paixão pela natureza teve grande influência na sua atitude moral e profissional. Raul Lino dava uma grande importância ao diálogo entre a arquitectura, ou seja, o edifício em si, e a localização geográfica da sua obra, ou seja, o ambiente natural.

Raul Lino foi uma personagem romântica mas com princípios clássicos (proporção e equilíbrio) mas submetendo ao romantismo.

Na proporção não é a aplicação da razão de ouro, mas sim na aplicação dos espaços de uso. O equilíbrio não era na aplicação do baixo/alto, mas sim na integração.
A centralização do fogo ou do pátio onde todos espaços se desenvolvem em função desse núcleo, normalmente em organizações em forma de “L“ ou de “U”, ou seja, a procura da casa portuguesa que pesquisa desde 1900, tipologias domesticas, estruturantes.

Aplicando o conceito de pátio e utilizando os materiais do sul, de tradição islâmica, tenta articular essa tradição modernizada, com implantações pré organicistas, nos terrenos ideais do Estoril e de Sintra.

A viagem a Marrocos (1902) vem marcar Lino nos seus primeiros trabalhos destacam-se quatro “casas Marroquinas”, de feições Alentejanas e Marroquinas _ A utilização do azulejo, a luz manipulada conduzindo no próprio espaço, relação constante do interior/exterior, a centralidade da casa com o fogo ou pátio. A planta não e uma soma de partes mas sim o conjunto, sendo esta mais importante que os alçados, estes são o resultado da organização interior.


A Casa do Cipreste (1912)
Em 1912 Raul Lino utilizando o espaço de uma antiga pedreira edificou a sua residência a Casa do Cipreste, é uma construção que se molda ao terreno, tirando partido das vistas para o Palácio Nacional de Sintra rodeado da exuberante vegetação sintrense. A sua sensibilidade durante algum tempo resistiu à utilização de luz eléctrica, como forma inadequada de iluminar os ambientes, pela crueza das cores e falta de poesia...
Implantada em terreno de acentuado declive, a casa possui dois corpos e é no interior que a racionalidade e a orgânica características da obra do arquitecto melhor se fazem sentir.
A organização de espaços é centralizada a partir de um vestíbulo, onde se encontra a escadaria que dá acesso aos pisos superiores. Nestes, a comunicação entre as principais dependências é feita através de dois corredores que seccionam os corpos.
No piso inferior, a hierarquia de compartimentos obedece a uma racionalização de espaços de conjunto, localizando-se a zona de serviços a Norte e a de maior importância social a Ocidente e Sudoeste, correspondendo às áreas anexas à fachada principal. Estas dependências são também as que detêm maior complexidade planimétrica, sendo a sala de jantar oval e a de estar octogonal, esta última com correspondência com outra sala do andar nobre. Neste piso, a diferenciação de funções está também bem marcada, encontrando-se a zona de maior privacidade voltada a Sul, precisamente para o jardim que circunda o edifício.
Ainda na posse da família do arquitecto, esta casa é o expoente máximo da Casa Portuguesa, onde as teorizações de Raul Lino foram levadas mais longe, apesar de denotar algumas diferenças para com o mais vasto conjunto de casas de habitação deste tipo. Organicidade da arquitectura, relação do espaço edificado com o jardim envolvente, integração de artes decorativas e aplicadas tradicionais, (influências germânica) são elementos comuns e imprescindíveis a este tipo de arquitectura, considerada inovadora pelo próprio Raul Lino
Esta obra é marcada por uma linha mais organicista, pela sua integração na natureza, uma relação forte do interior e o exterior, a importância dos percursos gerando de momentos de surpresa, pelo tratamento da luz natural.
Quanto aos materiais, existe uma rica e variada selecção, desde os mármores do chão aos azulejos por ele próprio pintados.
No tratamento da paisagem exterior utiliza dois tipos de jardim, um de tradição francesa e outro de tradição Inglesa.

Pode-se ver e ler na Arquitectura de Raul Lino, nos materiais que utilizou, nas formas diversas com que pretendia adaptar a construção ao lugar, procurando essa essência do topos, que faz do edificar um processo de harmonia com a Natureza envolvente.
A sua obra de imensa criatividade não pode ser confundida no tempo, é uma expressão da sua época, mas o seu pensamento é intemporal, pois as suas premissas também o eram. Por isso mesmo a sua pedagogia ainda hoje e sempre será de grande utilidade.

sábado, maio 03, 2008

Para ver em Barcelona ( to see in Barcelona)

The first mention of the Boqueria market of Barcelona dates to 1217 when tables were installed near the old door of the city to sell meat. From December 1470, a market selling pigs occurred at this site. At this time, the Market had the name Mercat Bornet or was (until 1794) simply known as Mercat de la Palla (Straw Market). At the beginning, the market was not enclosed and did not have an official statute, it was regarded as a simple extension of the market of Plaça Nova which then extended to the Plaça del Pi.
Later, the authorities decided to construct a separate market on La Rambla, housing mainly fishmongers and butchers. It is not until 1826 that the market is legally recognized and a convention held in 1835 decides construction of an official place. Construction began March 19, 1840 under the direction of architect Mas Vilà. The market officially opened the same year, but the plans for the building were modified many times. The official inauguration of the structure was finally made in 1853. In 1911, the new fish market was opened and, in 1914, the metal roof that still exists today was constructed.
The MACBA, designed by American architect Richard Meier, has a longitudinal floor plan with a 120 x 35 m base, in which a circular piece that serves to articulate exhibition space, is vertically inserted, passing through all four floors. Richard Meier’s architecture is clearly based on rationalism and alludes to the masters of Modern Architecture, particularly Le Corbusier, by combining straight and curved lines to establish a dialogue between interior space and exterior illumination which filters into the galleries through large skylights. Every floor of the MACBA is bathed in natural light, as Meier uses it to both define and generate space. To make this possible, Meier separated some of the supports from the façade. This same concept determines the atrium space, which is designed as a vertical gallery, parallel to the main façade, which filters and distributes light into the different parts of the building while communicating interior and exterior space through ramps that allow access to all floors and a hall which leads the visitor to the galleries. In September of 2006 the Convent dels Àngels (nº 7 Àngels Street) became the Capella MACBA. Featured in the catalogue of Barcelona's Historical-Artistic Architectural Heritage, this space includes the convent's Gothic temple, constructed in the latter part of the 15th century with a Latin cross floor plan and finished with a central vault. The Peu de la Creu Chapel, constructed from 1568 to 1569, is the only Renaissance Chapel in Barcelona. This buttressed structure shares a wall with the chapel and was built in the 1980s by Lluís Clotet and Ignacio Paricio to reinforce the architectural ensemble.
Project of Antoni Gaudí i Cornet of 1905, built between 1906 and 1910 for Milà family.This is one of the main Gaudí residential buildings and one of the most imaginative houses of the architecture history, this building is more an sculpture that a building.Some of the collaborators in the works (following Permanyer) were the architect Josep Maria Jujol, the brothers Badia as iron forgers, the founder Manyach, the builder Josep Bayo and the plaster Joan Beltran (plaster ceilings of that building are truly exceptional).The façade is an impressive, varied and harmonious mass of undulating stone without straight lines where also the forged iron is present in the shapes of balconies imitating vegetal forms.The lofts are supported by the traditional Catalan "totxo" (brick) arching walls following the style developed by Gaudí in Santa Teresa school and Bellesguard also in Barcelona.The roof show an exuberant fantasy, the chimneys designing vanguard shapes remember warriors in a forest of surprising figures.The building was recognized by UNESCO as "World Heritage" in 1984
The Torre Agbar, or Agbar Tower, is a 21st-century skyscraper at Plaça de les Glòries Catalanes, Barcelona, Catalonia, Spain. It was designed by French architect Jean Nouvel and built by Dragados[4]. It opened in June 2005 and was inaugurated officially by the King of Spain on 16 September 2005. The Torre Agbar is located in the Poblenou neighborhood of Barcelona and is named after its owners, the Agbar Group, a holding company whose interests include the Barcelona water company Aguas de Barcelona.
According to Nouvel, the shape of the Torre Agbar was inspired by the mountains of Montserrat that surround Barcelona, and by the shape of a geyser of water rising into the air. Jean Nouvel, in an interview, described it as having a phallic character.[6][7] As a result of its unusual shape, the building is known by several nicknames, such as "el supositori" (the suppository), "l'obús" (the shell) and some more scatological ones.[6] It is also somewhat similar in shape to Sir Norman Foster's 30 St. Mary Axe in London, often called "the Gherkin". It has 30,000 (323,000 ft²) of above-ground office space, 3,210 (34,500 ft²) of technical service floors with installations and 8,351 (90,000 ft²) of services, including an auditorium. The Agbar Tower measures 144.4 m (473.75 ft) in height[8] and consists of 38 storeys, including four underground levels.
Its design combines a number of different architectural concepts, resulting in a striking structure built with reinforced concrete, covered with a facade of glass, and over 4,500 window openings cut out of the structural concrete. The building stands out in Barcelona; it is the third tallest building in Barcelona, only after the Arts Hotel and the Mapfre Tower, both 154 m (505.25 ft).
all photos at this post are property of FILIPA (school partner)

quarta-feira, abril 30, 2008

terça-feira, abril 29, 2008

4th INTERNATIONAL ARCHITECTURE SUMMER SCHOOL

Summer School 2008
After the success of the 2007 Summer School Green Machine about sustainability and architecture, the 4th Summer School of the Rotterdam Academy of Architecture and Urban Design will take the theme of sustainable urban development. Together with leading Dutch and international experts participants work on a new, green future for the site of the Rotterdamsche Droogdok Maatschappij – a huge former shipyard – and Tuindorp Heijplaat – one of the Netherlands’ oldest garden villages

terça-feira, janeiro 15, 2008

Filoxera Urbana - Outra opinião



Todas as cidades têm problemas, mas o Porto (e Lisboa também), têm um que vale por muitos: a progressiva desertificação do seu centro e o aumento progressivo do valor dos terrenos ou imóveis que nele se situam. Isto, associado à auto-regulação/gestão do mercado imobiliário preconizada pelo governo e autarquia, vai deixar a cidade refém ora da vontade dos proprietários, ora da ganância de grandes grupos económicos, pois são estes últimos os únicos com possibilidades financeiras para recuperar ou construir no centro urbano...
in http://silviasemfiltro.blogspot.com/2005/09/eu-no-sei-mas-quer-me-parecer.html

Existe evidentemente uma dualidade, ou pluralidade de opiniões no que respeita ao tratamento da paisagem urbana, da reconversão dos edifícios obsoletos e da criação de novos imóveis como se constata nos meios de comunicação sociais. Por um lado alguns arquitectos, sacralizam toda e qualquer pedra com mais de 50 anos (mais ou menos) e ripostam contra todo o projecto de maior envergadura que por aí apareça onde não aprecie quer o uso proposto, os materiais ou técnicas construtivas.
Por vezes critica-se por criticar, para marcar apenas uma posição contrária à de aquele ou outro autarca que não joga na nossa cor politica. Por outras desdenha-se o que se vai fazendo, tudo é passível de ser criticado e de lhe serem apontes defeitos, para uns é uma vergonha o que se fez por exemplo com o armazém do bacalhau em Massarelos, para outros é vergonha quando não se faz nada…No entanto mais vale não deixar de fazer (nem que não seja ao nosso melhor gosto) do que deixar ruir. Mas tudo isto é afinal típico de uma sociedade democrata que tudo faz para manifestar o seu desejo e direito à democracia. Veja-se o futebol ou a política nos seus adeptos de bancada ou nos palpiteiros, grevistas, comodistas ou contrariadores respectivamente.
O Porto é uma cidade envelhecida, sem grande atracção devido à degradação do seu centro e à desertificação e problemas sociais em pontos nevrálgicos e por tudo isso é difícil que o mercado imobiliário aposte seriamente em remar contra a maré.
Quanto ao Douro, Restam-lhe de facto poucas hipóteses, não conseguirá facilmente ser uma via de transporte para barcos de grande calado e por isso nunca será um porto Marítimo com as proporções dos tempos passados, Mas as embarcações de recreio ainda se vão mantendo pois têm mercado que até nem é exclusivamente estrangeiro. Tal como os desportos náuticos e as pescarias que hão de continuar existindo enquanto houver peixe. Lembro ainda que um evento esporádico como o Red Bull Air Race levou 650 mil pessoas às suas margens e só por isso ser um adereço cenográfico não é a desgraça que se manifesta.
No Porto está muito bem a regra de não construir de raiz havendo tantos edifícios a morrerem ao abandono. Concordo absolutamente que uma fábrica que nunca mais será uma fábrica possa ser convertida noutra coisa qualquer que se entenda fazer falta com o devido cuidado quanto ao planeamento urbano para o local em questão e algum bom senso no que se refere a preservar a tal memória colectiva de um espaço.




sábado, janeiro 12, 2008

Francisco Oliveira Ferreira , Arquitecto Pioneiro ,Pré Modernista e Gaiense

Foi (finalmente) inaugurada a exposição evocativa dos 50 anos da morte do Arquitecto Francisco Oliveira Ferreira .
Esta estará presente na Casa da Cultura de Gaia até ao dia 8 de Fevereiro e apresenta vários painéis com reproduções dos desenhos do arquitecto (plantas ,cortes e alçados) para além de algumas fotografias e as memórias descritivas dos respectivos projectos .

Um dos painéis mais interessantes relata a lista cronológica dos seus projectos onde sei que faltam alguns ,mas que apresenta também algumas novidades quanto a outros que não conhecia.

Resta-me agora esperar pela conferência marcada para 25 de Janeiro (ainda sem oradores confirmados) e pelo lançamento do livro (o primeiro sobre este Arquitecto ) na expectativa de transmitir de um modo objectivo e crítico a real importância e suposto pioneirismo de Oliveira Ferreira.

Isto será certamente mais importante e global do que o facto de ter imensa obra na a cidade de Vila Nova de Gaia .

terça-feira, dezembro 25, 2007

Desenhos da Capela de Quebrantões - V.N. Gaia

Projecto Capela de Quebrantõe
Localização Quebrantões, Vila Nova de Gaia
Datas 2002 - 2003/2005
Arquitectura José Fernando Gonçalves
Colaboração Sérgio Silva, Alexandra Pires e Andreia Vigário
Clientes Padre Avelino Jorge Soares, Fábrica da Igreja de Oliveira do Douro









Estes Desenhos : um estudante de arquitectura da escola superior artística do porto

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sábado, dezembro 15, 2007

Parabéns Niemeyer

Vivam as linhas curvas ,que na Natureza não existem linhas rectas.

Vivam as Mulheres com Linhas Curvas ...Viva Niemeyer que sobretudo gosta de Mulheres ... Viva o Rio de Janeiro . um abraço de Portugal

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Ainda acerca do Estoril Sol Residence

Depois de ver a sátira ao edifício do arquitecto Gonçalo Byrne ,resolvi investigar e encontrei este filme que retrata muito melhor( e talvez Justamente ?) a Arquitectura do edifício em si .

Vale a pena ver até ao fim .

http://www.youtube.com/watch?v=rYzrZ1IiXLM

Francisco Oliveira Ferreira - Notícia no Jornal Destak de 13 de Dezembro


sexta-feira, novembro 23, 2007

Da Organização do Espaço - Arq. Fernando Távora

“Da organização do espaço”
uma análise

Ao procurar uma definição generalizada de espaço deparamo-nos com a ideia de que não existe espaço vazio, tudo à nossa volta é matéria em diferentes estados e todas as matérias são constituídas por partículas e onde todas as formas são constituídas por matéria.
Mas parte-se do princípio que nada está ao acaso tudo desde a mais pequena partícula podemos por exemplo considerar os átomos e as células ou o ADN já são organizados pela própria natureza.


De entre todas as formas podemos considerar de um modo generalizado as que se dividem em formas naturais, que são todas as que provêm da natureza com a excepção da colaboração do homem, (Paradoxalmente, ou até não, o homem enquanto forma tem algo de natural e também artificial) mas a partir do momento em que o homem também cria formas, as artificiais, já é o homem o agente organizador do espaço e este segue uma tendência para a harmonização Referente ao seu equilíbrio e dinamismo.
O homem ao ter a consciência dessa tendência tende a criar formas ainda que com carácter predominantemente funcional com algo de artístico mas tal como existem tendências também existem desvios.

O espaço é também contínuo, e enquanto o homem tende a organizar, por vezes consciente ou inconscientemente põe de parte esse factor, de igual importância
e por vezes, entre outros exemplos esquece a responsabilidade urbanística ou paisagística de harmonizar também o espaço que envolve a sua obra criando por vezes algo “desagradável” apenas pelo contexto em que está inserido.

A arquitectura é como um organismo vivo, nasce numa procura, numa necessidade ou como retrato de uma sociedade ou tendência. Tem também um tempo de vida, atinge esplendores, torna-se moda, interage, torna-se útil, sofre, renova-se, torna-se inútil e chega por vezes a morrer. Mas o homem ao criar novas formas tem que dar importância a todas as circunstâncias que envolvem esse espaço não entrando em ruptura quer com a natureza quer consigo próprio, tem de colaborar em conjunto para a organização do espaço e tem influência directa e indirecta na sua estrutura com base em factores importantes como a sensibilidade, a economia, a cultura entre outros mais, até na ciência que ao revelar novas estruturas “moleculares ou celulares por exemplo” lançou-nos à descoberta de novos padrões de modelação e organização.

Qualquer um de todos esses factores atrás referidos condicionam a liberdade de criar e organizar de modo arbitrário. Do mesmo modo que conforme o Sr. Arq. Fernando Távora afirma nenhuma obra é puramente artística nem nenhuma consegue ser puramente técnica.

Bruno Zevi -Saber ver a Arquitectura



Ao falarmos de arquitectura tendemos a imaginar fachadas ornamentadas típicas de um estilo, materiais em consonância com as diferentes épocas e em modelos que nos são fáceis de reconhecer característicos de uma cultura específica. Porem no estudo da arquitectura não é o aspecto ornamental que se caracteriza como o elemento primordial cabendo este papel à mais elementar matéria moldável o “Espaço”.
Assim vemos que o estudo da arquitectura tem vindo a ser descurado ao longo dos tempos visto que este, ao contrário de outras artes como a pintura ou escultura que se baseiam na modelação de matérias plásticas sólidas, se torna por vezes ambíguo para o cidadão comum pouco habituado a definir algo que não seja palpável ignorando normalmente o espaço na sua forma.
O espaço é esse mesmo vazio que de uma forma natural começou por ser preenchido por massas que agrupadas formaram planetas e estes à sua superfície uma plataforma com força de gravidade contida de matérias como a água terra e ar, ou seja com montanhas, vales e rios e com a necessidade que o homem teve de criar abrigos para si, de se proteger ou de guardar, desde que passou à condição de recolector começou a organizar seu espaço a delimitando-o à sua melhor maneira concebendo fechar pequenos espaços a fim de ai habitar plantar ou guardar ou utilizar com qualquer fim apenas uma porção de espaço à sua volta onde até aí apenas as barreiras naturais como os rios ou montanhas ou floresta atrás citadas organizavam a natureza
Das primeiras acções directas sobre o espaço até a sua organização para usufruto de um conjunto de indivíduos chegamos às primeiras povoações e a nossa história chegou à era moderna onde já quase nada resta de inalterado pela mão do Homem, ao ponto que quase tudo e todos terem já influído sobre o espaço estando por toda a parte dispostas e organizadas as estradas, pontes e as grandes cidades que foram muitas nascendo como cogumelos à medida da necessidade do Homem. E assim foram acontecendo acidentes de percurso por falta de habilitação na organização desse espaço na forma como se construiu, destruiu, organizou e reconstruiu por não atenderem a princípios ou qualidades arquitectónicas puras.
A arquitectura vive do espaço porque o utiliza como material e nos coloca no seu centro delimitando e destacando espaço para viver, percorrer e sentir.
Em arquitectura influi sobre o valor espacial o modo como este joga com os sentidos sugerindo Movimento, Equilíbrio, Simetria, Assimetria, Continuidade, ou Ênfase sendo também os sentidos influenciados por condicionantes diversas como a luz as sombras e as dimensões ou escalas.
O carácter de um espaço leva a vista por vezes a percorrer uma perspectiva criada por alinhamentos de colunas paredes ou caminhos sugerindo assim movimento que acaba cessando por vezes em algo mais que satisfaça ou cesse esse mesmo movimento até porque um movimento que não conduza a nada é um movimento sem razão que desumaniza o espaço e como tal também na arquitectura, se podemos jogar com o equilíbrio em que as partes não se destaquem particularmente do todo nem convidam a um sentido único de movimento, também se pode enfatizar uma parte especifica “num centro de interesse visual, um ponto focal que prenda a vista”.
A proporção dos espaços entre si sabendo que espaços fechados e pouco amplos criam sensações desagradáveis para o homem que em geral não gosta de espaços apertados e fechados podendo mesmo criar fobias em relação a tais, o modo como se subdivide o espaço ou mesmo a urbanidade ou a relação harmoniosa entre os vários espaços quer nas escalas ou na forma e função das estruturas edificadas e na sua relação com o meio envolvente também contribuem para o equilíbrio.
De outro modo também a luz e a sua orientação tal como a cor animam o espaço podendo ser em alguns casos um valor de atracção por si próprias ajudando a dividir ou realçar determinado espaço.
Contudo a liberdade do artista criador não se prende obrigatoriamente em qualquer norma ou conceito pré estabelecido, este através da sua imaginação e tendo em conta que cada caso é um caso define as suas prioridades e cria em consonância com a sua própria personalidade, e daí fruto dessa diversidade, podemos hoje em dia debater opiniões e avaliar obras em relação a qualquer dos factores arquitectónicos atrás citados.

quarta-feira, novembro 14, 2007

Armazém Frigorifico de Massarelos - Januário Godinho


Estádio do Lima - Porto

O lote de terreno escolhido para o exercício de projecto de Arquitectura deste ano lectivo situa-se entre as ruas de Costa Cabral e Alegria (no Porto) no local onde em tempos se encontrava um estádio.
O estádio do Lima ,palco de encontros da primeira divisão portuguesa de futebol e de taças Europeias ficou também conhecido por servir de cenário ao filme "O Leão da Estrela " .



sábado, novembro 10, 2007

Torre utópica de 20 pisos

Exercício realizado conjuntamente por todos os alunos da turma na disciplina de projecto III

quinta-feira, outubro 11, 2007

Avenida da Ponte (the bridge avenue)

Projectos que não se realizaram para um "buraco " ainda hoje por resolver
(undone projects and a "hole" still to solve )





sábado, junho 17, 2006

Estudo Urbanístico de Vilarinho da Castanheira - Carrazeda de Ansiães

Publicar mensagem A aldeia de Vilarinho da Castanheira, que já foi vila sede de um concelho medieval. Pertence ao actual concelho de Carrazeda de Ansiães, de cuja vila dista cerca de quinze quilómetros para Es-Sudeste, afastada dos grandes centros urbanos. Situada para Sudeste do concelho, paredes meias com o concelho de Torre de Moncorvo e fazendo limite com a freguesia de Lousa, Vilarinho está na encosta de um Monte onde tem o seu Santuário da Senhora da Assunção, estendendo-se para Nordeste, numa zona planáltica. Fica na margem direita do Douro, onde possui bons terrenos agrícolas de rendimento económico.

(Adaptado de:




Este estudo insere-se no programa da disciplina de Urbanismo do curso superior de Arquitectura pela escola superior artística do porto (ESAP).

O método aplicado neste estudo consistiu, numa primeira fase num levantamento de informação imediatamente disponível que se baseou em páginas de Internet respeitantes ao concelho de Carrazeda de Ansiães, mapas e fotografias diversas e pesquisa bibliográfica de estudos monográficos ou arqueológicos da região, procurando estabelecer uma linha de tempo dos acontecimentos marcantes na região desde o inicio da sua povoação e dessa recolha, quanto ao povoamento diz respeito este, “deve ser anterior à formação de Portugal (séc. XII), já que existem por ali antas pré – históricas por um lado, e por outro o facto de muitos historiadores defenderem que a povoação se terá fundado sobre um castelo ou castro (possivelmente celta ou pós celta) que ali havia, onde mais tarde se constrói o castelo de Vilarinho. “In (Conheça a nossa terra – Carrazeda de Ansiães)


Sabendo tal e procurando antever o aspecto geral da vila pelos seus pontos marcantes constatei que o castelo já não existe,“são praticamente inexistentes, vestígios estruturais. O crescimento do núcleo urbano da actual aldeia acabou por destruir os indícios materiais da estrutura castelar e da sua planta nada se sabe, os únicos vestígios actualmente visíveis resumem-se a alguns entalhes patentes no afloramento granítico onde outrora assentaram antigas construções…” adaptado de António Luís Pereira, património arqueológico do concelho de Carrazeda de Ansiães, assim sem castelo , mas com a certeza que tendo sido vila aqui tenham ocorrido factos relevantes a nível regional constata-se que foi concelho medieval com alguma importância mesmo em termos populacionais de onde estrategicamente se defendiam o planalto da Lousa e a região do Castedo planalto e a serra de seixo de Ansiães durante e após a reconquista cristã .

A aldeia pode ser descrita como uma localidade isolada no cume de um monte à qual se acede por uma estrada municipal pelo lado norte ligeiramente aplanado. Na entrada da vila está localizada uma” travessa da fonte” e mais á frente um “largo do pelourinho” onde justaposto está um pequeno monte pelo qual irrompe a rua do castelo.
Quase todas as casas são de pedra de granito (material abundante na região), apresentando algumas sinais de precariedade e outras adaptações que as foram tornando habitáveis até hoje, destas muitas foram rebocadas, ampliadas ou serviram de anexos a novas habitações construídas já neste século pois os seus materiais constitutivos assim o indicam.
Numa análise imediata dos aspectos vernaculares de construção verifica-se a presença de padieiras e ombreiras em pedra aparelhada (por vezes com um recorte curvo na padieira) com acesso lateral por escada e telhados de uma ou duas águas em telha caleira e mais recentemente de telha Marselha em asnas de madeira.
A tipologia é por vezes repetida mesmo em casos mais recentes.
Foi igualmente possível com a colaboração de um habitante (não identificado) fazer um percurso guiado pelos pontos de referência ainda não reconhecidos.

Foram–me mostradas duas casas brasonadas, a antiga cadeia, a igreja principal e alguns dos vários “passos “ que assinalam o percurso e as paragens das procissões religiosas.
Com a vista cheia e com muitas interrogações a fazer voltei-me para uma análise histórica dos povoamentos da península desde a pré historia procurando filtrar os acontecimentos marcantes a nível de ocupação e desenvolvimento em geral e em particular os que respeitam a esta região.

Esta, é composta por vários aglomerados dispersos em forma de aldeias que se desenvolvem em pontos particulares como cumes mais altos dos montes, encostas para os rios tua e douro ou encostas aplanadas para alem de os próprios acessos entre aldeias favorecerem o aparecimento de outras em pontos intermédios.
Em qualquer dos casos haverão sempre factores, como a presença de fontes ou terras irrigadas com capacidade de produção agrícola, condicionantes da própria actividade económica sustentadora do local.
Assim segundo consta, esta povoação já desde tempos remotos explora os solos das suas encostas em especial a vertente a nascente pois nesta encontra-se o caminho que pelo vale segue para o Douro. Também ao longo deste vale corre um ribeiro onde se encontram antigas azenhas e uma ponte dita romana.
Ainda que por aqui próximo existam vestígios de ocupação anterior à época romana, será com esta civilização que desenvolverá a formação deste aglomerado.
Encontrei por cá algumas construções com arcos de volta perfeita como a pós denominada fonte da Urraca e a igreja de santo António para alem de dois relógios de sol com numeração romana.
A própria toponímia “castanheira” influi para a existência de cultivo desta mesma espécie trazida pelos romanos para a península tal como a oliveiras e a vinha.
Estes aspectos serão reflexos de uma actividade económica de exploração destes recursos levando à existência de estruturas para a sua transformação tais como lagares e impulsionam provavelmente o seu comércio em feira.
Já em plena época de reconquista creio que numa primeira fase se terá mantido a muralha da fortificação em volta da qual se terão desenvolvido os arrabaldes na direcção sueste pois esta é atravessada ainda pelo principal acesso ao douro por onde segundo relatos de habitantes da aldeia sempre existiu uma rota comercial de gado bovino, cereais, azeite, cestaria e vinho.
Numa época de reocupação incentivada com regalias por cá surgiram alguns senhorios e como fazem constar as histórias em volta de uma eventual asilo temporário a dona Urraca de Castela. Assim se conclui que pelo menos um senhorio se haveria aqui estabelecido.
Por volta desta época se terão condensado as habitações próximas ao núcleo expandindo-se depois para nascente e a produção económica do lugar crescido consideravelmente pois em 1218 d Afonso II concederá o primeiro foral a Vilarinho da Castanheira.
A contra reforma chegou a esta região sob a forma de novas igrejas e passos que assinalam o percurso da Via Sacra que já percorre novos arruamentos e o circuito desta procissão começa na rua da cadeia na Igreja Matriz de S. Sebastião passando junto à fonte do mergulho em direcção à ermida da Sra. da Fé voltando pela sua rua direita e rossio entrando novamente na rua da cadeia.
Este percurso demonstra a existência de marcos significativos nos arruamentos por onde passa e se rezavam as Ladainhas. Na Baixa Idade Média estariam já traçados novos arruamentos ao longo dos quais surgiram novas capelas e igrejas.

Na zona sul da localidade, localizam-se as casas da plebe, com um carácter pobre em granito tosco constituindo pequenas cintas de arrabalde em volta do perímetro da feira e muralha, estas casas dispõem-se também ao longo do acesso que do douro faz ligação ao núcleo sendo provavelmente uma das rotas de mercadorias vindas deste rio.
Esta zona é hoje conhecida como o fundo de vila ou bairro de santo António e é onde se localiza aquela que julgamos ser a a igreja mais antiga no cruzamento com a rua que circunda o núcleo até ao largo do pelourinho assumido como o rossio.
As razões para se assumir este largo como rossio (que na ausência de uma eventual câmara se supõe ter sido ser o centro cívico do local) são o facto de se notar uma distribuição enraizada para pontos notáveis como as fontes, a estrada que atravessa a aldeias e a que acede ao castelo.
Nesta última, a chamada rua do castelo (antiga rua direita onde as casas se sucedem acompanhando a altimetria e a organicidade desta) surge um outro arrabalde e mais à frente uma bifurcação, uma via levando à possível porta do castelo e a outra, à feira.
Na vertente Este do monte onde se situa Vilarinho, localizam-se os principais edifícios religiosos e públicos que regulavam a comunidade. Constam nesse rol a cadeia, quatro casas ou solares brasonados, a antiga escola primária e a casa do padre. Assim segundo o habitante da povoação que descrevem a povoação em quatro bairros o mais nobre e fidalgo será o chamado “bairro da cadeia “.

Segundo inscrições diversas nas padieiras de alguns edifícios, para além do próprio estilo adoptado nas decorações das igrejas é possível datar esta expansão até ao século XVIII, altura em que a vila atinge o seu pico de crescimento.
Ainda que se note uma certa influência espanhola quanto ao feitio e posição (centrado) dos campanários das igrejas elas obedecem a uma norma barroca.

O crescimento foi todavia acompanhado pelo desmembramento do castelo do qual se aproveitaram as grandes pedras de cantaria que constituem a maior parte dos edifícios notáveis e mesmo a população em geral desse facto tirou proveito já que muitas habitações apresentam ornamentos em pedra descontextualizados do seu lugar original tal como uma estela funerária numa parede acrescentada ao edifício da cadeia, hoje transformado em habitação e uma outra escultura de significado ambíguo, representando uma serpente usada como padieira, estes hábitos são todavia comuns e nota-se que por toda a região se dão aproveitamentos deste género.
No ultimo século a povoação tem vindo a expandir-se pela estrada que liga a vila flor e ao longo desta cresceram outros serviços como a casa do povo e junta de freguesia, a nova escola primária, e os lagares já obsoletos mas com uma imponência que demonstra da sua utilidade passada. Também algumas habitações para lá da Sra. da fé são já construídas em alvenaria com estrutura de betão armado e iniciam o próximo passo no “crescimento” estagnado da antiga vila.

Da análise feita focando duas épocas distintas da vida desta localidade se constata que o crescimento que esta teve em dez séculos ameaça agora regredir. Vilarinho da castanheira é hoje tal como a generalidade das povoações vizinhas uma aldeia envelhecida.

Outrora com condicionante favoráveis ao seu crescimento como a fertilidade do planalto, a proximidade relativa ao douro (actuando como entreposto comercial) e mesmo a posição estrego-militar viu perder o seu foral em 1853 por razões politicas e com a modernidade à porta foi ficando isolada no monte.
Ainda na ressaca da perda dos seus serviços públicos, (Outros pólos haviam crescido), Vilarinho da Castanheira encontrar-se-á descentralizado sem grande proveito da antiga rota comercial esquecida em favor dos novos e melhores trajectos que por ali não passam.
Mais tarde surge ainda a emigração massiva, tal como em praticamente todo o distrito de Bragança, e o pouco progresso que a antiga vila irá ter (e tem tido) é vindo de fora espontaneamente e será este a deixar marcas para o futuro.

Bibliografia

· AGUILAR, José - Carrazeda de Anciães e seu termo, Esboço e subsídios para uma monografia, Colecção Silva Pereira, 1980
· FERREIRA, Cândida Florinda -Carrazeda de Ansiães (notas monográficas) col. Silva Pereira
· SOUSA, Fernando in alto Douro superior.
· Grande enciclopédia Portuguesa-Brasileira
· Dicionário enciclopédico das freguesias 3º volume
· PEREIRA, Luís e LOPES, Isabel Alexandra Justo – Património Arqueológico do Concelho de Carrazeda de Ansiães, ed CMCA
· TAVARES, Virgílio – conheça a nossa terra Carrazeda de Ansiães
· ALVES, Francisco Manuel –memorias Arqueológico-históricas do distrito de Bragança (vários volumes)