sábado, abril 08, 2006

Arquitectura Proto-Modernista em Portugal




Engenharia versus Arquitectura

No inicio do século a engenharia tomou vantagem sobre a arquitectura ,este facto era até bastante evidente nas preocupações da sociedade dos arquitectos portugueses numa carta dirigida ao rei d Carlos onde reclamam para a sua profissão, uma equidade em relação ao estatuto dos engenheiros mas sobretudo que as obras de arquitectura fossem executadas por arquitectos .
De facto foram dos engenheiros, muitas das obras feitas nesta época, estes baseados no desenvolvimento e utilização de novos materiais ,nomeadamente o ferro , impuseram novos sistemas estruturais na que foi denominada mais tarde de modo eufemista como arquitectura de engenheiro .
Se até então a concepção arquitectónica se baseava essencialmente na adaptação de um estilo e na composição passou desde aí a ser gradualmente substituída pela concepção estrutural .
Segundo Ana tostões: “Um recorrente debate na história da construção tem oposto o primado das formas ao das invenções estruturais. De um lado defende-se que as revoluções formais resultaram directamente dos novos materiais ou métodos de construção; do outro argumenta-se que as mudanças operadas na visão do mundo ou nas intenções estéticas apenas adaptam as técnicas ás intenções e objectivos expressivos.”
O surgimento em Portugal do elevador ,da luz eléctrica ou de garagens constituíram um factor de mudança , que se evidenciaram na concepção dos edifícios a construir .Os equipamentos de climatização e o desenvolvimento de novas soluções ao nível da permeabilidade térmica das fachadas travaram certas desvantagens climáticas.
No entanto, a maior inovação ao nível da estrutura e que veio realmente revolucionar o modo de construir deve-se numa primeira fase ao desenvolvimento de um cimento de grande resistência (Portland) e posteriormente à sua aplicação com inertes formando o que chamamos hoje de betão .onde depois de várias experimentações se concluiu ter ainda maior eficácia quando armado em ferro ou aço, o que veio permitir uma maior amplitude de vãos ,uma maior solidez construtiva e maior liberdade formal substituindo muito rapidamente os materiais tradicionais .
Ainda que inicialmente as aplicações de quaisquer novos materiais e tecnologias, tenham sido reservadas a edifícios ou estruturas de carácter utilitário ou público como pontes , gares e fabricas rapidamente se difundiram chegaram às habitações em geral mas porque ainda vivíamos um período de exploração revivalista e se procurasse apurar um estilo ou identidade pela plástica de fachada as primeiras construções não respeitariam a verdade dos novos materiais escondendo-o quase sempre debaixo de uma “cobertura “de feições românticas ou de carácter “neo “em voga nesta época .
E, como se verá, a construção foi encarada como uma composição em partes separadas e aparentemente autónomas que caracterizou o ecletismo de final de oitocentos não sendo apenas característico da "grande" arquitectura porque as próprias construções ditas "utilitárias" integraram igualmente essa dicotomia.
Durante os primeiros anos do século XX deu-se uma intensiva uma construção em betão armado, segundo o processo Hennebique, sustentada pela matéria-prima fornecida pela primeira fábrica de cimento artificial de Portugal em Alhandra que inaugurada em 1894. ao mesmo tempo que eram estudadas e testadas através da invenção de fórmulas matemáticas, cálculos e a experimentação de ruptura em laboratório permitem nessa altura a introdução do betão armado no ensino da construção. Vindo a ser Inicialmente aplicado apenas pontualmente em lajes de pavimentos sustentados por elementos verticais maciços em alvenaria.

Devido ao relativo atraso industrial em relação a outros países europeus, Portugal irá assim ser marcado por uma continuidade arquitectónica durante mais algum tempo limitando-se a prolongar as estéticas correntes de influência francesa, onde grande parte dos arquitectos da época fazem escola e a adaptar dentro do possível os novos equipamentos emergentes operando sobretudo na organização espacial doméstica da casa burguesa que reflectia novos costumes potenciados pelos novos dispositivos (da água corrente à campainha eléctrica, ou do telefone ao ascensor) e deste modo podemos afirmar que o caminho ficou traçado à espera de se redescobrir e algumas das obras deste período demonstram já o quanto os arquitectos desta geração o procuraram .

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