sábado, junho 17, 2006

Siza Vieira - algumas considerações

Siza Vieira

O primeiro impulso criativo surge após o confronto com o lugar .A sua especificidade, o seu potencial, as suas qualidades ou defeitos procuram nas mãos do mestre a transformação necessária para o programa desejado. Não só o lugar tem algo a dizer, como também o homem que o usufrui tem as suas expectativas em relação a este.
O seu método de ataque a uma primeira ideia, nasce no bico do riscador e é nessa extensão do cérebro e da nossa mão ,que como bengala estruturadora nasce uma possibilidade ,ou embrião de ideia que fica comprovada ou aponte para metamorfose no bloco de notas ,Aparelho de pesquisa.
O projecto tem vida própria e identidade própria e um desígnio também próprio. Uns nascem para serem humildes sem perturbar o gosto, cumprem objectivos como o “de passar ao lado “, outros nascem em berço de ouro com expectativas de afirmação outros mirram na vulgaridade chegando por vezes mesmo a abortar.
Quanto à palavra “ monstro “ esta tem semânticas oponíveis.


Ao arquitecto que não querendo então, deixar teoria escrita, remete este papel aos críticos que dela vivem mas que soube apontar caminhos, resta agradecer e apreciar
Aceitar ou compreender estes, gera uma empatia, um entendimento de como devem e podem ser as opções num projecto global. Este não sendo conservador age como o acrobata que só avança em passos seguros.
Um dia alguém trará algo novo, seja uma condição ou um desejo que poderá ajustar uma rota ou criar um novo rumo. Esta ressalva é a porta da evolução que indica aperfeiçoamento ou um passo Maior.
Mudam-se os tempos mudar-se-ão as necessidades do homem.
Interessa dizer que, responsavelmente,”não expõe demasiado as tábuas dos nossos barcos pelo menos em mar alto”,”as suas enseadas são porto seguro “onde estuda correntes e remoinhos”. O barcoA sociologia tem como objecto segundo Simmel as formas sociais e grosso modo, o antropólogo tem o Homem, o urbanista as vivências do espaço ou o ecologista o meio ambiente.
A arquitectura tem o espaço e neste tudo se concentra, propõe-se uma abordagem Pluridisciplinar respondendo a várias exigências. Tem uma macro escala de especificidades e não raras vezes poderemos encontrar Siza imiscuindo-se por ai tornando-se cada vez mais poderoso. A experiência e a diversidade são a suas armas.

As Tensões e Estímulos vários influem na criação e depois na Racionalização da ideia – transformação com sentido de adaptação, tratando-se sempre de um caminho lúcido
Durante a fase de Criação, o cérebro nunca descansa, enquanto procura um “clique”.Se eu prefiro momentos de choupana pois é na introspecção do meu espaço pessoal, que se propõe o trabalho (por vezes, nas viagens de metro revendo os pontos das matérias do dia, surgem respostas inspiradoras)
É uma coincidência e por acaso, as viagens curtas mas um esquiço de dois minutos representa potencialmente o que eu quiser. o desenho é um instrumento versátil e quantas ideias não foram já discutidas em guardanapos de papel .
Quanto a 74 foi um momento único, Normalmente , apenas as catástrofes geram a necessidade de intervenção massiva da mão do arquitecto ,não houveram ai escombros que se vissem . estes foram de carácter diferente. Dificilmente haverá em Portugal num futuro próximo uma necessidade extrema de construção.
Temos também na geração de Carlos Ramos um impulso na modificação de programas académicos com vista dotar as novas gerações de arquitectos da capacidade de nova abordagem à arquitectura Tentou dota-la do pragmatismo exigível. assim dificilmente afundará, navegando na coerência com o timoneiro omnipresente.

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